Nome: Marília Cunha Rodrigues nº: 26
Marcela Alves da Ponte 23
Semana de Arte moderna
•HistóricoA Semana de Arte Moderna , também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo no ano de 1922, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal.
Cada dia da semana foi dedicado a um tema: respectivamente, pintura e escultura, poesia, literatura e música.
O presidente do estado de São Paulo, da época, Dr. Washington Luís apoiou o movimento, especialmente atráves de René Thiollier, que solicitou patrocínio para trazer os artistas do Rio de Janeiro, Plínio Salgado e Menotti Del Pichia, membros de seu partido, o Partido Republicano Paulista.
A Semana de Arte Moderna representou uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado e até corporal, pois a arte passou então da vanguarda, para o modernismo. O evento marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos, como a poesia através da declamação, que antes era só escrita; a música por meio de concertos, que antes só havia cantores sem acompanhamento de orquestras sinfônicas; e a arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura, com desenhos arrojados e modernos. O adjetivo "novo" passou a ser marcado em todas estas manifestações que propunha algo no mínimo curioso e de interesse.
• Artistas
Participaram da Semana nomes consagrados do modernismo brasileiro, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Pichia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Tarsila do Amaral, Tácito de Almeida, Di Cavalcanti entre outros, e como um dos organizadores o intelectual Rubens Borba de Moraes que, entretanto, por estar doente, dela não participou.
• Obras
Fauvismo, 1905.
Expressionismo, 1906.
Cubismo, 1907.
Futurismo, 1909
Raionismo, 1911.
Orfismo, 1912.
Cubo-futurismo, 1912.
Suprematismo, 1912.
Nao-objetivismo, 1913.
Imaginismo, 1914.
Dadaismo, 1916.
Neoplasticismo, 1917.
Ultraismo, 1918.
Bauhaus, 1919.
Espirito-Novo, 1920.
Pintura metafisica, 1920
Musicalismo, 1920.
a Neue Schlichkeit, 1922.
Manifesto dos pintores mexicanos (Siqueiros, Orozco, Rivera. 1922).
Nova objetividade, 1922.
•Artes visuais:
ARQUITETURA
Os principais projetos apresentados foram pelos arquitetos Antonio Moya e Georg Przyrembel. Alguns estudiosos acreditam que a influência da Semana sobre a arquitetura moderna brasileira foi pequena. No catálogo com a programação da Semana é possível perceber que a participação realmente foi tímida.
Moya foi quem apresentou mais projetos, no entanto, nenhum deles se concretizou devido a sua complexidade de traços e inovação. O arquiteto foi descoberto em 1921, Menotti del Picchia escreveu um artigo intitulado "Um arquiteto", em que ele fala exatamente desta particularidade criativa de Moya. "Ultimamente, os estudos de Moya, o jovem e brilhante arquiteto paulista, procuram resolver o problema capital de harmonizar a escultura com a arquitetura, fundidas ambas numa harmonia integral e íntima, de modo que uma resulte de outra naturalmente, sem acusar o aplicado, o postiço, o artificioso, o fútil".
Só a partir de 1925, com a publicação do primeiro manifesto por Gregori Warchavchik, com o título de "Futurismo" no jornal Il Piccolo (em italiano) na cidade de São Paulo, é que a discussão sobre a temática começa a ser aprofundada.
ESCULTURAS
Victor Brecheret foi sim o destaque na Semana de Arte Moderna, só que além dele mais dois outros artistas apresentaram suas obras no Municipal: Wilhelm Haarberg e Hildegardo Leão Velloso. A intenção principal dos escultores na Semana foi romper com as tendências da Academia, ou seja, assim como nos outros campos artísticos: inovar.
Velloso, ao que tudo indica, entrou para o grupo de expositores de última hora, já que no catálogo da Semana não há nenhuma referência ao artista carioca. A falta de dados faz com que os estudiosos não saibam ao certo o número de obras apresentadas pelo escultor e quais eram suas tendências artísticas exatas.
Nascido em São Paulo, Velloso era de uma família de influências. Conheceu a escultura através dos irmãos Bernadelli com quem estudou não só escultura, mas também modelagem. O escultor fez inúmeros bustos entre eles os de Aureliano Leal, Jackson de Figueiredo, Rui Barbosa entre outros. Foi também premiado num concurso internacional com a maquete do Monumento ao General Urquiza.
Em 1950, tornou-se livre-docente da Cadeira de Escultura da antiga Escola Nacional de Belas Artes.
MÚSICA
Com forte influência européia e o nacionalismo iniciado por Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos traz para a Semana de Arte a música erudita modernista. Villa-lobos procurava, desde 1915 em seus concertos, provocar rupturas com as formas harmônicas convencionais.
Em sua apresentação, trouxe composições de 1914 a 1921 que misturavam a música romântica e a moderna. No romantismo, a música descritiva, permeada por temas, tendo como principal influência Carlos Gomes. No Modernismo procurava o oposto, a música em sua essência e sem conceitos.
A novidade confundia os críticos, alguns elogiavam e outros criticavam, o que se via era uma confusão que misturava conceitos e preconceitos. Encontravam-se perdidos em como classificar aquele novo estilo musical.
Villa-Lobos pela primeira vez realiza a mistura do erudito com o popular brasileiro, influenciado pelo francês Darius Milhaud. Mistura adotada, posteriormente, pela literatura e as artes plásticas.
A obra de Villa-Lobos não foi a única apresentada durante a Semana. Obras dos compositores franceses Claude Debussy e Eric Satie foram interpretadas, respectivamente, por Guiomar Novaes e Ernani Braga. Braga também interpretou uma obra de Villa-Lobos: A fiandeira.
PINTURA
Inovar! Assim como nas demais manifestações artísticas da semana, a pintura apresenta uma diversidade artística nunca antes vista. Em conseqüência, trouxe muita polêmica algo que começou bem antes da Semana, quando Monteiro Lobato escreveu o artigo Paranóia ou Mistificação? para o Estado de S. Paulo em 20 de dezembro de 1917. Lobato referia-se à exposição de Anita Malfatti. A exposição e a repercussão provocada pelas severas críticas de Monteiro Lobato, impulsionou a organização dos artistas para criar a Semana de 22.
A improvisação e o ecletismo das obras expostas só podem assinalar um desejo de mudança, e não uma verdadeira assimilação de algo voltado para o movimento modernista. O real desejo era em propor algo voltado para o Brasil, com influências européias sim, mas que procurasse personalizar a arte brasileira.
•Curiosidades
REPERCUSSÃO DA SEMANA DE ARTE MODERNA
Há 81 anos, um grupo de conferencistas abria uma das maiores manifestações culturais da história, a Semana de Arte Moderna, que reuniu artistas, músicos, poetas, escritores e pintores. A semana prometia o novo, algo a ser recebido com uma certa curiosidade e interesse, mas não foi isso que aconteceu. Na noite principal, enquanto Menotti Del Picchia expunha as características e objetivos do movimento, Mário de Andrade recitava a Paulicéia Desvairada sob vaias. Isso aconteceu com quase todos os artistas. Mas esse era o espírito do movimento: o deboche, a ironia, o bom humor, tudo fio condutor por onde os jovens intelectuais paulistas quebravam laços com os movimentos anteriores.
A semana de 22 foi o primeiro passo para a arte brasileira de hoje. Sem a semana de 22, provavelmente nossa produção artística tivesse seguido um rumo diferente, e hoje não conheceríamos a tão cantada Garota de Ipanema.