sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Semana da Arte Moderna
A Arte Moderna
Contextualização histórica
O século XX foi um período da história da humanidade em que ocorreram
grandes transformações que ditaram decisivamente os rumos da humanidade.
Mudanças no terreno científico, tecnológico, social, político e econômico, que
aconteceram como desdobramento de outras transformações ocorridas no século
XIX. Vamos lembrar e analisar alguns acontecimentos marcantes deste século
como um todo, e depois, especificamente, os acontecimentos que influenciaram a
arte moderna.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) devasta a Europa, causa desequilíbrio
moral, econômico e político. Perde-se a fé nos valores humanos do século XIX e
nasce a psicanálise. Esta, aliada às novas noções de movimento e velocidade
trazidas pelas tecnologias emergentes (automóveis, eletricidade, cinema),
transforma gradativamente o modo de vida urbana e o pensamento do homem
deste século.
Mais tarde, com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e os novos avanços
científicos como a Teoria da Relatividade, a bomba atômica, os antibióticos,
velocidade supersônica, a conquista do espaço, as novas tecnologias da
comunicação (rádio, imprensa, televisão, fotografia, cinema, computador), os
valores e as estruturas sociais são questionados e postos sob revisão.
Nestes contextos de rápidas transformações, a arte no século XX sofre
profundas mudanças de paradigmas. Podemos destacar dois importantes
movimentos artísticos que representam essas mudanças: a arte moderna, no
início do século, e a arte contemporânea, surgida na 2A metade do século. Vamos
estudar agora a arte moderna. No contexto específico de criação da arte moderna,
podemos destacar alguns acontecimentos que tiveram grande influência:
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Pense bem, não são poucas as mudanças citadas acima e suas conseqüências
na vida das pessoas.
Comparando com os movimentos artísticos que estudamos nos anos anteriores,
observamos que a arte do século XX já não está mais a serviço da Igreja (como
na arte medieval e no período do Barroco), nem do poder régio ou da aristocracia
(como no Neoclassicismo). Sua função também não é mais a de retratar fielmente
a sociedade (como no Realismo); nem pretende construir nenhum ideal humano
(como faziam os renascentistas) e tampouco deseja representar a natureza e suas
aparências sob os efeitos da luz (como pretendiam os impressionistas). Qual
passa a ser a função da arte a partir de então? Qual a sua razão de ser neste
novo mundo? Será o de retratar o belo do ideal clássico ou copiar o real tal como
a fotografia?
Aproveitando-se da “porta aberta” pelos impressionistas e os pósimpressionistas,
os artistas modernos desafiaram radicalmente os padrões
clássicos de beleza e a estética naturalista. Afirmavam que para o novo mundo
que surgia deveria haver uma nova arte que expressasse a nova sensibilidade
humana que se criara, afinal, a arte é histórica.
Na Paris efervescente do final do século XIX e início do século XX, Montmartre
transforma-se no centro da vida noturna de artistas, boêmios e intelectuais.
Múltiplas teorias e manifestos artísticos eram produzidos e consumidos para a
criação de novas teorias e novos manifestos. Como é freqüente em momentos de
As grandes invenções e acontecimentos do final do século XIX e do início do
XX
- Bell e o telefone
- Thomas Edison e a lâmpada de incandescência
- Pasteur e as leis da assepsia
- Linhas ferroviárias se multiplicam
- Santos Dumont e o avião
- A Primeira Guerra Mundial
- A disseminação do uso do automóvel
- A popularização da fotografia
- A criação do cinema
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crise, a criatividade humana disparou no início do século XX: nascia a Arte
Moderna.
Nem todo o mundo concordava com a nova estética e a grande maioria
mesmo da sociedade ainda preferia a arte tradicional. Aqueles que concordavam e
defendiam a nova e “estranha” arte que surgia eram chamados de vanguarda,
pois propunham uma arte à frente de seu tempo, de sua época. Por isso o termo
“arte de vanguarda”.
Abaixo, um pequeno glossário para que você se familiarize com palavras que
usamos na teoria da arte:
NOVO = desligado do tempo, “o novo de cada um”
MODERNO = “novo” no tempo, de tempo novo
CONTEMPORÂNEO = do mesmo tempo
VANGUARDA = de “avant gard” (à frente da guarda); o que
ainda está por vir; está à frente. Será vanguarda o que
determina alguma mudança no futuro
”... na arte, mesmo aquilo que parece cópia fiel do natural é, na verdade, apenas
uma pintura. Como tal, mantém uma relação de afinidade com seu modelo, mas
constitui uma realidade diferente da dele. A arte que surge nessa passagem de
século vai aos poucos abandonando o contato com o mundo visível. Deixa de
procurar a superfície visível das coisas para penetrar no seu interior. Em vez de
criar imagens parecidas com a realidade, os artistas preferiam aquelas que
expressassem o que sentiam diante da realidade, ou seja, suas angústias e
críticas. Tal posição nem sempre resultava em obras agradáveis ou verossímeis,
mas os artistas haviam descoberto uma nova função para a arte” (Cristina Costa,
“Questões de Arte”).
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Características gerais da Arte moderna e de seus movimentos (os
“ismos”)
As principais correntes ou movimentos da arte moderna foram o Fovismo, o
Cubismo, o Futurismo, o Expressionismo, o Dadaísmo, o Surrealismo, o
Abstracionismo. Apesar de muito diferentes entre si, os movimentos modernistas
apresentam algumas características gerais e marcantes. São elas:
• A liberdade de criação que fez surgir várias correntes artísticas que conviveram,
divergiram e se enriqueceram com as diferenças;
• A nova concepção do espaço plástico que deixa de ser perspectivo e torna-se
cada vez mais plano, valorizando-se a exploração dos elementos plásticos ou
visuais (o ponto, a linha, a cor, a forma, o volume e o espaço) que passam a ser
utilizados sem tanta preocupação com a representação do mundo visível;
• O tema da obra perde a importância que tinha no passado e passa a ser um
pretexto para a criação artística;
• A experimentação de novas técnicas e materiais provocou o surgimento de
novas linguagens artísticas como a colagem e a assemblagem, por exemplo;
• A incorporação de referências artísticas de povos não europeus: a arte oriental,
a arte africana, a arte indígena, entre outras.
A construção, a desconstrução e a reconstrução da forma: as
novas relações espaciais
A grande transformação artística desencadeada pela arte moderna pode ser
descrita pelas palavras do pintor Maurice Denis:
“Um quadro, antes de ser um cavalo de batalha, uma mulher ou qualquer
outra anedota, é essencialmente uma superfície plana coberta de cores
dispostas segundo uma certa ordem.”
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Esta é a grande revolução: A pintura não é mais apenas um veículo, um
instrumento para o desenho ou o “assunto” abordado na tela. A pintura, assim
como a escultura e outras formas artísticas, é, em si mesmo, o foco principal da
arte.
A sua superfície, sua textura, suas manchas de cor, sua matéria concreta se
tornam o próprio “assunto” da arte. O tema inspirador deixa de ser representado
por si próprio; ou seja, para ser avaliado de acordo com os critérios naturalistas
que asseguravam qualidade à representação caso ela reproduzisse o assunto
escolhido com uma objetividade perfeita. Esse não é o ideal dos modernos. Para
eles, cada vez mais o tema ou o assunto de uma obra trata-se de um mero
pretexto para criar composições artísticas onde os elementos visuais estejam se
relacionando de maneira nova, criativa e sugerindo sensações visuais
significativas.
Principais Movimentos Artísticos Modernos - Século XX
CUBISMO
Podemos dizer que o Cubismo é um movimento artístico decorrente da
preocupação que Cezànne tinha em relação ao estudo da forma. Desenvolvido
por Picasso (1881 – 1973) e Braque (1882 – 1963), rompeu com a idéia de
imitação da natureza e abandonou as noções tradicionais de perspectiva. Esses
artistas procuravam novas maneiras de retratar o que viam e, influenciados por
Cézanne, passaram a valorizar as formas geométricas e a retratar os objetos e as
pessoas como se estivessem partidos, ou multiplamente retratados segundo os
diversos pontos de vista sob os quais eram observados. Todas as partes de um
objeto (lados, parte superior e inferior) eram representados em um único plano, ao
mesmo tempo, como se o artista visse esse objeto de vários ângulos diferentes
simultaneamente.
Essa forma de representação fragmentada e múltipla é a marca registrada
do Cubismo.
Uma outra importante característica trazida pelo Cubismo é a incorporação
de outros materiais e técnicas. Com o Cubismo surgem as experimentações no
campo da colagem, que passa a ocupar um lugar, digamos, mais nobre no
universo da arte. Então, elementos como as palavras, pedaços de papel, de
jornais, de rótulos, letras, números, pedaços de vidro e de madeira, começam a
ser adicionados às pinturas.
É o “tudo-ao-mesmo-tempo-agora” de que falam os Titãs, concretizado na
pintura. O Cubismo traz a 4A dimensão à pintura: O TEMPO! A VELOCIDADE! A
possibilidade de se visualizar um objeto por todos os ângulos ao mesmo tempo.
EXPRESSIONISMO
O Expressionismo já indica, com seu próprio nome, a principal razão de sua
existência: expressar os sentimentos e visões de mundo dos seus artistas.
Representado principalmente por Munch, Kirchener, Dufy, Kokoschka, o
Expressionismo já fora anunciado pelo pintor pós-impressionista Van Gogh, seu
grande precursor. Os artistas expressionistas estavam inconformados com a
aparência vulgar e convencional do mundo visível e com o modo descritivo com
que a arte acadêmica representava este mundo. Passam então a distorcer as
formas naturais para expressar suas emoções, seus sentimentos particulares e
sua visão sobre o mundo. Para isso fazem uso de cores fortes, de traços e linhas
marcados e vibrantes, que resultam em uma dramaticidade e expressividade
extremas.
Uma obra pictórica que é considerada um símbolo do Expressionismo é “O
Grito”, do pintor alemão Edvard Munch, já vista anteriormente, na parte dois de
nossa apostila.
Outras obras trazem também características marcantes do Expressionismo
na pintura:
O expressionismo manifestou-se também no cinema alemão e russo do
início do século. Assim como na pintura, os filmes expressionistas (o cinema ainda
era em preto e branco nesta época) rompem também com o realismo das formas,
através de imagens que fazem uso do exagero expressivo, imagens plenas de
dramaticidade e teatralidade. Aí também os temas são soturnos e densos.
ABSTRACIONISMO
De um modo amplo, a palavra abstrato pode ser aplicada a qualquer obra de
arte que não faça uma representação imediata dos objetos. O artista
abstracionista usa cores, linhas e manchas para criar formas indefinidas, não
copiando mais a realidade. O pintor russo Vassily Kandinsky (1866-1944) é
considerado por muitos historiadores o iniciador da pintura abstrata no sistema de
arte ocidental (é importante não perdermos de vista que estamos estudando a
história da arte ocidental e, neste momento, lembrarmos que representações
abstratas já haviam sido exploradas pela arte indígena e pela arte africana, entre
outros sistemas de arte).
O termo abstracionismo geralmente é usado para designar algumas obras de
arte do século XX de artistas que abandonaram a concepção tradicional de arte
como imitação da natureza. Eles criaram em suas pinturas formas e cores que não
estão imediatamente relacionadas com as formas e as cores dos objetos, ou seja,
ao observamos uma pintura abstrata não identificamos de imediato o objeto ou a
cena representada.
É interessante perceber que alguns artistas que desenvolviam seu trabalho
em outros movimentos modernos, como o Cubismo ou o Futurismo, por exemplo,
radicalizaram tanto suas pesquisas nestes movimentos, que atingiram a
abstração, mesmo não sendo este o seu objetivo primeiro. Há também artistas
que misturam, numa mesma obra, formas figurativas e formas abstratas. Há
também os que tiveram uma fase figurativa em sua carreira e outra abstrata. Os
verdadeiros artistas estão sempre pesquisando, procurando novos caminhos e
ABSTRAIR= SEPARAR
ABSTRATA= SEPARADA DA FIGURA, DO MUNDO
FIGURATIVO e IDENTIFICÁVEL
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diferentes soluções para seu trabalho. Isso implica, muitas vezes, em mudança de
rumo, em abandono de uma forma já estabelecida pela busca de uma nova forma
de expressão. Correr o risco de caminhar por terrenos desconhecidos é uma
situação que um artista não pode temer.
Observando estas duas obras de Picasso, ambas “Naturezas Mortas”,
perceba como o mesmo artista pode abordar de diferentes maneiras os elementos
visuais em cada composição, chegando a dar-nos a impressão de que são obras
de diferentes artistas. Observe também como a deformação pode levar a uma
estilização das formas, aproximando-as de formas abstratas.
“Fruteira”, Picasso “Copo e maço de cigarro”, Picasso
ABSTRACIONISMO INFORMAL
E
ABSTRACIONISMO GEOMÉTRICO
O abstracionismo dominou a pintura moderna e se diversificou em duas
tendências principais: o abstracionismo informal (que não faz uso de formas
geométricas) e o abstracionismo geométrico. O abstracionismo informal, que tem
em Kandinsky seu principal representante, expressa os sentimentos e idéias do
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artista que, com total liberdade de expressão, utiliza cores, linhas e formas de
maneira espontânea.
Diferentemente do informal, no abstracionismo geométrico as formas e as
cores são organizadas mais racionalmente e a base da composição é composta
por linhas e figuras geométricas. O pintor e projetista russo Kazimir Malevich
(1878 –1935) e o pintor holandês Piet Mondrian (1878 – 1944) foram os pioneiros
do abstracionismo geométrico. Podemos observar um desejo de objetividade, uma
tendência antiindividualista e antiexpressionista, a busca de uma “arte pura”, das
formas exatas e das cores puras (primárias),
no abstracionismo geométrico.
Observe as duas reproduções de pinturas abaixo, tentando perceber as
características dos dois movimentos que fazem uso da abstração.
“Primeira aquarela abstrata”, Vassili Kandinsky “Oito retângulos vermelhos”, Malevich
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SURREALISMO
O movimento Surrealista surgiu em Paris em 1924, fruto dos ideais de um
grupo de escritores e artistas que, liderados por André Breton (1896 – 1966),
valorizavam as pesquisas científicas, sobretudo a psicanálise. Esse grupo de
artistas, que ficou conhecido como a vanguarda européia do início do século XX,
baseava-se principalmente nos estudos de Freud e explorava o inconsciente e os
sonhos nas expressões artísticas. Dessa maneira, as obras não seguiam nenhum
padrão estético pré-determinado e não se prendiam à moral, à lógica e à razão.
Elas muitas vezes parecem sem sentido, mas na realidade representam os
pensamentos mais íntimos e verdadeiros do homem. Como representantes
significativos do Surrealismo na pintura, podemos destacar, Salvador Dali (1904 –
1989). e René Magritte.
Com o passar do tempo muitos artistas juntaram-se ao grupo, entre eles o
pintor e designer russo Marc Chagall (1893 – 1983) e o pintor e artista gráfico
espanhol Joan Miró (1893 – 1983). Este último foi um pintor representativo da
linha abstrata dentro do Surrealismo. Como características formais de sua obra
podemos destacar a linearidade e uso de sistemas simbólicos.
Vejamos agora algumas pinturas surrealistas. Observe que alguns pintores
surrealistas, na sua forma de representação, estão muito vinculados ainda à arte
acadêmica, apesar de trazerem uma postura moderna na liberdade de expressão
e abordagem do real (Dali e Magritte). Já outros, se distanciam do naturalismo das
formas, chegando até a abstração (Juan Miró). Podemos dizer, porém, que as
imagens do sonho e do subconsciente representam bem o universo surrealista,
em ambos os casos.
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“A Persistência da memória”, Salvador Dali “Composição”, Juan Miró
“Violação”, Renè Magritte “O aniversário”, Marc Chagall
DADAÍSMO
Muitos artistas plásticos e escritores que eram contra a participação de
seus países na Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) se refugiaram em Zurique,
na Suiça, e criaram em 1915 um movimento literário que propunha divulgar suas
decepções diante da passividade das instituições em relação à guerra. Um desses
artistas, o poeta romeno Tristan Tzara, para escolher um nome para este
movimento, abriu aleatoriamente um dicionário e colocou o dedo sobre a palavra
“dada”, que em francês significa “cavalinho de brinquedo”. A partir daí o
movimento ficou conhecido como Dadá ou Dadaísmo. Com essa atitude Tzara
quis mostrar que tanto o nome quanto a própria arte do movimento não faziam
mais sentido num mundo irracional que estava devastado pela guerra. Tzara e
seus contemporâneos, indignados com a falta de lógica dos acontecimentos
políticos e sociais da época, criaram um estilo de arte considerado vazio de
significado, pois era dessa forma que eles consideravam o mundo. O Dadaísmo
surge então, resultando e confrontando não só a arte como o campo dos valores e
do comportamento humano, propondo uma ruptura lógica com o nexo, buscando a
incoerência.
As idéias dadaístas (o manifesto do grupo foi escrito em 1918) foram
divulgadas em vários países. Em Nova York, a segunda capital da arte moderna, o
movimento foi fundado pelos artistas franceses Marcel Duchamp (1887 – 1968) e
Francis Picabia (1879 – 1953) e pelo pintor, escultor e fotógrafo americano Man
Ray (1890 – 1977).
Em 1912 Marcel Duchamp inventou um novo tipo de obra de arte, chamado
“ready-made”, que significa “já feito, pronto”. Seus ready-mades faziam uso de
objetos industrializados (já prontos) para compor uma obra de arte. Ele construiu ,
por exemplo, uma obra com uma roda de bicicleta e a colocou sobre um
banquinho. Mais tarde, 1917, ele trouxe a público em uma exposição um urinol,
batizado de Fonte. Duchamp, com esses gestos provocativos, pretendia acabar
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com o conceito de beleza estética e questionar o papel da arte na sociedade
moderna. Vamos ver futuramente como a apropriação dos objetos industrializados
do Dadaísmo de Duchamp influenciou o movimento artístico que sucede a arte
moderna: a arte contemporânea.
“Presente”, Man Ray “A Fonte”, Marcel Duchamp
PRINCIPAIS TÓPICOS
Vamos agora recapitular as propostas trazidas pela Arte Moderna, enfatizando as
principais características de cada movimento visto nesta apostila.
Cubismo
- Preocupa-se com o estudo da
FORMA e do ESPAÇO
-Quebra com o espaço perspectivo,
mudando o código visual da arte.
- Com o uso da colagem, desmistifica
a idéia de que com materiais menos
“nobres” não se pode fazer arte.
- Estilo de arte racional baseado na
geometria matemática.
Principais artistas: Pablo Picasso e
Georges Braque
Expressionismo
- Preocupa-se com a expressão dos
sentimentos como a dor, a angústia, a
raiva e a crítica.
- Arte subjetiva.
- Caráter emotivo e intenso.
- As cores sugerem a profundidade e
o modelado pictórico
- Pinceladas fortes e marcadas.
Principais artistas: Edvard Munch e
Ernst Kirchener.
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Abstracionismo (geométrico e
informal)
- Nega a figuração
- Busca a expressão pura das formas,
cores e linhas.
- “Arte pura”.
Principais artistas: Vassily Kandinsky (A.
Informal); Piet Mondrian e Kazimir
Malevich (A. geométrico)
Surrealismo
- Liberta-se da moral e de questões
sociais para expressar o que está no
subconsciente.
- Universo onírico e automatismo
psíquico.
Principais artistas: Salvador Dali, Juan
Miró, Marc Chagall e René Magritte.
Dadaísmo
- Questiona os valores estéticos e
morais através do sarcasmo e do
nonsense.
- Criação dos ready-mades.
- Arte como provocação, proposta
de atingir o público.
Principais artistas:Marcel Duchamp
e Man Ray.
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4a PARTE:
O Modernismo no Brasil
Modernismo, como nós já vimos, é o nome dado aos movimentos de
renovação artística que surgiram no início do século XX na Europa. No Brasil, as
tendências modernistas também se manifestaram e estão diretamente ligadas à
Semana de Arte Moderna, exposição realizada no Teatro Municipal de São Paulo
em 1922, da qual participaram poetas, artistas plásticos, músicos, romancistas etc.
Esta exposição suscitou muitas críticas polêmicas, tanto da parte dos críticos de
arte, como no âmbito do público de forma geral. Vamos ver como o Modernismo
aconteceu por aqui.
Modernidade e Identidade Nacional
Até o advento do modernismo, nas ex-colônias portuguesas ou espanholas
nunca houve uma arte verdadeiramente independente dos modelos oficiais da
metrópole. A arte brasileira do século XIX estava vinculada ao poder do Estado e
não era uma arte independente. Quando um artista pintava o seu país mostrava
um Brasil idealizado, oficializado. Seguiam os esquemas neoclássicos adaptandoos
aos assuntos nacionais: fatos da história do Brasil, retratos de personalidades e
até mesmo cenas urbanas. A arte vigente, de acordo com uma estética
ultrapassada, já não satisfazia os jovens pintores que realizaram a Semana de
Arte Moderna de 22.
Duas características marcaram o Modernismo no Brasil.
1- Uma nova fase da nossa arte que se caracterizou em romper com o
academicismo e atualizar (modernizar) o nosso meio artístico, pondo-o em
“Um choque de modernidade!”
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sintonia com a arte moderna que há duas décadas já vinha sendo
desenvolvida na Europa.
2- Valorização das raízes da cultura brasileira, pondo em primeiro plano o
povo brasileiro, suas crenças, seus costumes e seu folclore.
O modernismo pretendeu atualizar o Brasil e foi inicialmente influenciado pelo
Futurismo, o Expressionismo, o Cubismo e o Surrealismo. Ele surgiu em São
Paulo devido ao início da industrialização, ao rápido desenvolvimento urbano da
cidade na virada do século, às influências culturais trazidas pela massa de
imigrantes e também por lá existir um ambiente cultural menos comprometido com
a arte acadêmica do que o Rio de Janeiro, capital do país na época.
Por outro lado, o clima da guerra (Primeira Grande Guerra Mundial) acirrou
os ânimos nacionalistas. Intelectuais como Monteiro Lobato, Oswald de Andrade e
Mário de Andrade, entre outros, preocupavam-se com a produção de uma arte
com características brasileiras.
Desenvolveram-se então vários movimentos, cada qual com sua proposta estética
e seu manifesto. E o saldo de toda essa efervescência cultural foi o seguinte:
• Houve uma atualização formal/estilística da arte brasileira.
• Buscou-se retratar o povo brasileiro, sua cultura e sua natureza com o intuito
de criar visualmente uma identidade nacional.
O que foi o Movimento Antropofágico?
Este movimento foi iniciado no final dos anos 20 e afirmava a necessidade de
“devorar” tanto as manifestações artísticas estrangeiras como a cultura popular
brasileira. Pretendia-se, ao “digerir” esta mistura, produzir-se uma arte moderna e
genuinamente nacional. Participaram desse movimento, entre outros, Oswald de
Andrade, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.
(Fonte:Calabria, C.P.B. & Martins, R. V. “Arte, História & Produção”. Editora
FTD/Vol. I. SP, 1997)
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Os artistas modernos brasileiros
O primeiro momento modernista, durante os anos 20, é considerado como o
momento da ruptura e introdução no cenário artístico brasileiro das novas
estéticas européias.
Lasar Segall, pintor, desenhista, escultor e cenógrafo, introduziu entre nós o estilo
expressionista.
Anita Malfatti (paulista), a partir das influências recebidas do surrealismo e do
expressionismo foi pioneira na utilização arbitrária da cor na pintura.
Di Cavalcanti (carioca), pintor e desenhista, transformou as influências cubistas e
fauvistas numa arte pessoal associada aos temas nacionais, com destaque para a
representação das mulata brasileira que passou a ser o símbolo da brasilidade.
Vicente do Rego Monteiro (pernambucano), pintor, fez o seu “cubismo à
brasileira”, uma arte interessada em retratar temas religiosos e mitos indígenas
brasileiros.
Vítor Brecheret (italiano radicado no Brasil) renovou a escultura brasileira criando
peças com volumes geometrizados e poucas linhas que representavam figuras a
partir da influência cubista.
Muitas propostas, mas as novidades, no entanto, limitaram-se à arte figurativa.
Nesse momento, ainda estávamos distante da experiência do abstracionismo, no
âmbito da arte erudita (é bom lembrar que além da arte dita erudita, a arte
indígena e de origem africana no Brasil sempre explorou formas abstratas nos
seus trançados, cerâmicas, pinturas corporais, esculturas e ornatos).
Mas não pense que a arte moderna se desenvolveu por aqui sem encontrar
resistências por parte da crítica e do público. As coisas novas sempre incomodam
e suscitam reações e questionamentos. A pintura pioneira de Anita Malfatti, por
exemplo, causou grande comoção no meio artístico nacional quando foi
apresentada ao público pela primeira vez. Ela dividiu a crítica de arte da época.
Tente perceber esta polêmica a partir dos dois textos sobre sua obra que estão
reproduzidos abaixo.
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Texto 1:
“(...) todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais
que não dependem do tempo nem da latitude. (...) quando as sensações do
mundo externo transformam-se em impressões cerebrais, nós ‘sentimos’;
para que sentamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou que
a harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o nosso cérebro
esteja em ‘pane’ por virtude de alguma grave lesão. Enquanto a percepção
sensorial se fizer normalmente no homem, através da porta comum dos
cinco sentidos, um artista diante de um gato não poderá ‘sentir’ senão um
gato, e é falsa a ‘interpretação’ que do bichano fizer um totó, um escaravelho
ou um amontoado de cubos transparentes.”
Monteiro Lobato
Texto 2:
“Belo da arte: arbitrário, convencional,
transitório – questão de moda. Belo da
natureza: imutável, objetivo, natural – tem a
eternidade que a natureza tiver. Arte não
consegue reproduzir natureza, nem este é seu
fim. Todos os grandes artistas, ora conscientes
( ... ) ora inconscientes ( ... )
foram deformadores da natureza.
Donde infiro que o belo artístico será tanto mais
artístico, tanto mais subjetivo quanto mais
se afastar do belo natural. Outros infiram o que
quiserem. Pouco me importa.”
Mario de Andrade
Fontes de pesquisa (Referências bibliográficas)
ALBERA, François. Eisenstein e o construtivismo russo. Cosac&Naify, São
Paulo, 2002.
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. Editora Schwarcz, São Paulo, 1993.
BRITO, Ronaldo. Neoconcretismo. Cosac&Naify, São Paulo, 1999.
PROENÇA, Graça. História da Arte. Ed. Ática; SP, 2001.
VASCONCELLOS, T. & NOGUEIRA, L. Reviver nossa Arte. Vol. 2; São Paulo:
ed. Scipione, 1993
Modernismo - Projeto Arte Brasileira. Rio de Janeiro, FUNARTE/Instituto
Nacional de Artes Plásticas, 1986.
Enciclopédia Virtual “Caras”.
Nomes: Maiara Ferreira de Sousa 22
Anacione dos santos 05
Serie/turma: 3º E
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