sexta-feira, 25 de junho de 2010

Arquitetura morderna no Brasil.



A ARQUITETURA MODERNA NO BRASIL E SEUS PRINCIPAIS REPRESENTANTES


O QUE É O MODERNISMO?
O Modernismo foi um movimento artístico e cultural que se iniciou na Europa e começou a ter seus ideais difundidos no Brasil a partir da primeira década do século XX, através de manifestos de vanguarda, principalmente em São Paulo, e da Semana da Arte Moderna, realizada em 1922. O movimento deu início a uma nova fase estética na qual ocorreu a integração de tendências que já vinham surgindo, fundamentadas na valorização da realidade nacional, e propondo o abandono das tradições que vinham sendo seguidas até então, tanto na literatura quanto nas artes. Apesar da grande repercussão que a arquitetura e Arte Moderna obtiveram, vale ressaltar que o Movimento Moderno não se limitou a essas duas áreas. Foi um movimento cultural global que envolvia vários aspectos, entre eles sociais, tecnológicos, econômicos e artísticos.
O Modernismo arquitetônico surgiu na Europa devido à necessidade de se encontrar soluções para os problemas que vinham sendo gerados pelas mudanças sociais e econômicas que a Revolução Industrial causou. Já no Brasil, as primeiras obras Modernistas surgem quando apenas se iniciava o processo de industrialização, portanto não se habilitava a solucionar necessidades sociais. No entanto, segundo Lúcio Costa, o Modernismo brasileiro justifica-se como estilo, afirmando a identidade de nossa cultura e representando o "espírito da época".

"CASA MODERNISTA".
ARQ.: GREGORI WARCHAVCHIK.
1929 - 1930.
No campo da arquitetura, o Modernismo foi introduzido no Brasil através da atuação e influência de arquitetos estrangeiros adeptos do movimento, embora tenham sido arquitetos brasileiros, como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, que mais tarde tornaram este estilo conhecido e aceito. Foi o arquiteto russo Gregori Warchavchik quem projetou a “Casa Modernista” (1929-1930), a primeira casa em estilo Moderno construída em São Paulo.
Os arquitetos Modernistas buscavam o racionalismo e funcionalismo em seus projetos, sendo que as obras deste estilo apresentavam como características comuns formas geométricas definidas, sem ornamentos; separação entre estrutura e vedação; uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício; panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da arquitetura com o entorno pelo paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo decorados, murais e esculturas.



INFLUÊNCIAS ESTRANGEIRAS

Quando iniciou-se no Brasil a difusão dos princípios Modernos, arquitetos recém formados passaram a estudar obras de arquitetos estrangeiros, como os alemães Mies Van der Rohe e Walter Gropius, adeptos da arquitetura racionalista. No entanto, foi o franco-suíço Le Corbusier quem mais influência teve na formação do pensamento Modernista entre os arquitetos brasileiros. Suas idéias inovadoras influenciaram diretamente o Movimento Moderno no Brasil, sendo fonte inspiradora para Lúcio Costa, Niemeyer e outros pioneiros da arquitetura Moderna brasileira.
Le Corbusier veio ao Brasil algumas vezes, inclusive para orientar a equipe de arquitetos que, em 1936, projetou o edifício da nova sede do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro. Em suas vindas ao Brasil realizou conferências e difundiu seus ideais, reforçando ainda mais sua influência entre os jovens arquitetos da época.



PRINCIPAIS ARQUITETOS E OBRAS MODERNAS

Entre os arquitetos de destaque no Movimento Moderno brasileiro estão Lúcio Costa, cuja obra e contribuição teórica são de grande importância, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Attilio Correa Lima, os irmãos Marcelo e Milton Roberto e outros.
O início dos anos 30 marca ainda o conflito entre o neo-colonial, estilo dominante na arquitetura brasileira da época e o Modernismo, que começava a ganhar espaço. Deve-se observar que o Estado teve papel importante no processo de afirmação do Modernismo brasileiro, enquanto patrocinador de obras que buscaram o Modernismo como símbolo de modernidade e progresso.
A primeira obra moderna de repercussão nacional foi o prédio do Ministério da Educação e Saúde – MES, cujo projeto foi realizado em 1936, no governo de Getúlio Vargas, por uma equipe de arquitetos: Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos, liderados por Lúcio Costa.
O projeto foi orientado pelo próprio Le Corbusier que veio ao Brasil a convite do então Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema. O edifício foi concebido de acordo com os fundamentos modernistas e tornou-se um marco para a arquitetura brasileira, representando a ruptura com as formas arquitetônicas ornamentadas com motivos historicistas e simbólicos que eram usadas na época.
A imagem de modernidade e progresso que o prédio do Ministério representava estava também vinculada aos ideais de inovação pretendidos pelo Estado Novo - regime político autoritário que vigorou até 1945, quando da deposição de Vargas.

PRÉDIO DO MES.
ARQ.: LÚCIO COSTA E EQUIPE.
1936 - 1943.
ESCULTURA DE LIPCHITZ.
PRÉDIO DO MES.


O edifício do Ministério compõe-se de um volume em altura sobre pilotis e um outro mais baixo e perpendicular ao primeiro. Suas fachadas foram tratadas de acordo com a incidência solar, utilizando-se brise - soleils e vidro. No seu interior a planta é livre, isto é, sem paredes fixas, o que permite liberdade de uso. Foram utilizadas divisórias de madeira que não chegam até o teto, possibilitando ventilação cruzada. Alguns locais receberam azulejos e murais do pintor Candido Portinari, artista de destaque no Movimento Moderno brasileiro, e os jardins receberam esculturas de Lipchitz, Bruno Giorgi e Celso Antonio.









PRÉDIO DO MES,
FACHADA SUL.
MAM - MUSEU DE ARTE
MODERNA - RJ. ARQ.: AFFONSO
EDUARDO REIDY. 1954 - 1967.
A repercussão que o edifício do Ministério obteve pôs em foco o Movimento Moderno e representa o momento em que este movimento ganhou impulso, desenvolvendo-se de forma profunda. A partir de então foram produzidas muitas outras obras Modernistas, da autoria de vários arquitetos, como Affonso Eduardo Reidy, Oscar Niemeyer, os irmãos Roberto e Lúcio Costa.
Aos poucos a Arquitetura Moderna Brasileira foi ganhando destaque no cenário mundial passando a ser utilizada para divulgação da boa imagem brasileira junto com o café e o futebol.













"Este belo edifício do Ministério é, conforme já tenho dito, um marco histórico e simbólico. Histórico porque foi nele que se aplicou pela primeira vez, em escala monumental, a adequação da arquitetura à nova tecnologia construtiva do concreto armado (...) E simbólico porque, num país ainda social e tecnologicamente subdesenvolvido foi construído com otimismo e fé no futuro, por arquitetos ainda moços e inexperientes, enquanto o mundo se empenhava em autoflagelação."1

Lúcio Costa



FOTO: PILOTIS - AZULEJOS DE CANDIDO PORTINARI AO FUNDO.



CONJUNTO RESIDENCIAL DE
PEDREGULHO - RJ.
ARQ.: AFFONSO EDUARDO REIDY.
1950.


PAINEL DE PORTINARI. PRÉDIO DO MES.

















Apesar dos primeiros exemplares da Arquitetura Moderna no Brasil serem de autoria de arquitetos estrangeiros, é a Oscar Niemeyer que se atribui a "popularização" deste estilo. Após a eclosão do Movimento Moderno, este subdivide-se em várias tendências estilísticas. No Rio de Janeiro a fusão dos princípios Modernistas europeus com a herança nativa resulta em uma arquitetura de formas mais livres. É nesse aspecto que evidencia-se a originalidade de Oscar Niemeyer.
Abandonando o funcionalismo exagerado dos ideais Modernos, Oscar Niemeyer utiliza em suas obras formas curvas mais livres, que buscam a beleza, não sendo o resultado final da obra somente conseqüência de sua função. Tais características estão presentes no projeto para o Conjunto da Pampulha (1942-1943), em Minas Gerais, obra encomendada pelo então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek. Dentre outras obras deste arquiteto destacam-se, além dos famosos edifícios em Brasília, O Grande Hotel de Ouro Preto (MG, 1940), com o qual inicia uma série de obras governamentais em Minas Gerais, e o Parque do Ibirapuera(SP, 1951-1955).


CONJUNTO DA PAMPULHA - MG.
CROQUI DE OSCAR NIEMEYER.
CROQUI PARA A CASA DE BAILE.
CAPELA DE S. FRANCISCO DE ASSIS.
CONJUNTO DA PAMPULHA - MG.
ARQ.: OSCAR NIEMEYER. 1942
CAPELA DE S. FRANCISCO DE ASSIS.
PAMPULHA.
"...Fui talvez o primeiro a dizer francamente que o funcionalismo ortodoxo não me interessava e que a beleza era também uma função, e das mais importantes na arquitetura. Na verdade, o ângulo reto nunca me entusiasmou, nem as formas rígidas e repetidas dos primeiros anos da arquitetura contemporânea. A curva me atrai intensamente com a sua sensualidade barroca, e a nossa tradição colonial e o próprio concreto armado, a sugerem e recomendam."2

Oscar Niemeyer

Sthela nª37

Fonte do texto

Um comentário:

  1. Quem são os autores deste post? Com certeza não é a turma toda.

    ResponderExcluir